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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Jornalismo Opinativo


Desde o momento em que a imprensa deixou de ser empreendimento individual e se tornou instituição, assumindo o caráter de organização complexa, que conta com equipes de assalariados e colaboradores, a expressão da opinião fragmentou-se seguindo tendências diversas e até mesmo conflitantes.
Por mais que a instituição jornalística tenha uma orientação definida (posição ideológica ou linha política), em torno da qual pretende que as suas mensagens sejam estruturadas, subsiste sempre uma diferenciação opinativa (no sentido de atribuição de valor aos acontecimentos).
Isso é uma decorrência do processo de produção industrial, pois a realidade captada e relatada condiciona-se à perspectiva de observação dos diferentes núcleos emissores (empresa, jornalista, colaborador e leitor).
Nas aulas de Português, ano passado, fizemos um trabalho sobre os gêneros jornalísticos  opinativos, com base no livro ‘Jornalismo Opinativo’, do professor José Marques de Melo  (MELO, José Marques de; Jornalismo Opinativo – Gêneros Opinativos no Jornalismo Brasileiro; 3ª edição; Editora Mantiqueira; 2003). Segue abaixo um resumo da função de alguns deles:

1. Editorial
O Editorial é o gênero jornalístico que expressa a opinião oficial da empresa diante dos fatos de maior repercussão no momento. Popularmente, se diz que ele contém a opinião do dono da instituição jornalística. Isso acontece nas organizações de porte médio ou pequenas empresas, onde o controle financeiro fica nas mãos de um proprietário ou de sua família. Nas grandes instituições, o editorial reflete não exatamente a opinião dos seus proprietários nominais, mas o consenso das opiniões que emanam dos diferentes núcleos que participam da propriedade da organização.
Os atributos específicos do editorial, de acordo com o livro, são: impessoalidade (não se trata de matéria assinada, utilizando portanto a terceira pessoa do singular ou do plural); topicalidade (trata de um tema específico, dentro de limites precisos); condensalidade (breve e claro, poucas idéias, dando maior ênfase às afirmações); plasticidade (flexibilidade, apreende os fatos nos seus desdobramentos).

2. Comentário
O comentário é um gênero recentemente introduzido no Brasil. Surgiu como tentativa de quebrar o monopólio opinativo do editorial. Informado rapidamente e resumidamente dos fatos que estão acontecendo, o cidadão sente-se desejoso de saber um pouco mais e quer orientar-se sobre o desenrolar das ocorrências.
Trata-se de um gênero que mantém vinculação estreita com a atualidade, sendo produzido em cima dos fatos que estão ocorrendo. Vem junto com a própria notícia. Foi no rádio que o comentário encontrou sua maior expressão no jornalismo contemporâneo.
3. Artigo
A palavra artigo possui duas significações. O senso comum atribui-lhe o sentido de matéria publicada em jornal ou revista, não importando a natureza. As instituições jornalísticas, entretanto, identificam o artigo como um gênero específico, uma forma de expressão verbal. Trata-se de uma matéria jornalística onde alguém (jornalista ou não) desenvolve uma idéia e apresenta sua opinião.
Para Martín Vivaldi, o artigo é um “escrito, de conteúdo amplo e variado, de forma diversa, na qual se interpreta, julga ou explica um fato ou uma idéia atual, de especial transcendência, segundo a conveniência do articulista“.
O artigo é um gênero jornalístico peculiar à imprensa. Sua expressão não ocorre no rádio e na televisão, pela natureza abstrata que possui. Nos veículos audiovisuais, o papel que cumpre a intelectualidade através dos artigos de jornal é suprido por intermédio de entrevista.

4. Resenha
O gênero jornalístico que se convencionou chamar de resenha corresponde a uma apreciação das obras-de-arte ou dos produtos culturais, com a finalidade de orientar a ação dos fruidores ou consumidores. Na verdade, o termo ainda não se generalizou no Brasil, persistindo o emprego das palavras crítica para significar as unidades jornalísticas que cumprem aquela função e crítico para designar quem as elabora.
A resenha configura-se como um gênero jornalístico destinado a orientar o público na escolha dos produtos culturais em circulação no mercado. Trata-se de uma atividade eminentemente utilitária.

5. Coluna
A coluna é a “seção especializada de jornal ou revista publicada com regularidade, geralmente assinada, e redigida em estilo mais livre e pessoal do que o noticiário comum. Compõe-se de notas, sueltos, crônicas, artigos ou textos-legendas, podendo adotar, lado a lado, várias dessas formas. As colunas mantêm um título ou cabeçalho constante, e são diagramadas geralmente numa posição fixa e sempre na mesma página o que facilita a sua localização imediata pelos leitores“.
As colunas são informações e opiniões curtas caracterizadas pela agilidade e abrangência. Procura trazer fatos, idéias e julgamentos em primeira mão. 

Fonte: www.arianefonseca.com

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